O projeto EcoAtivos nasceu da participação do Programa Criança e Consumo do Instituto Alana em um edital do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) referente ao Programa Estilos de Vida Saudáveis e Sustentáveis 10 YFP, que foi aprovado no final de 2016.

A realização do projeto EcoAtivos teve como objetivo ampliar a consciência e o conhecimento sobre a relação do consumo com o meio ambiente e com as mudanças climáticas, por meio de formações presencial e on-line envolvendo 1.817 educadores de 414 escolas de Ensino Fundamental I, das redes de ensino públicas das cinco regiões do Brasil, representadas pelas cidades: Belém/PA, Brasília/DF, Canoas/RS, Novo Hamburgo/RS, Porto Alegre/RS, Salvador/BA e São Paulo/SP.

No início de 2018, o EcoAtivos ofereceu formação presencial de 6 a 8 horas a 1.817 profissionais da educação, sendo cinco educadores por escola (quatro professores e um coordenador pedagógico). Além disso, distribuiu materiais educativos, ministrou formação on-line e orientou possibilidades de desenvolvimento de projetos nas escolas.

As formações presenciais e on-line do EcoAtivos contemplam conteúdos e práticas em consonância com as políticas públicas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), das Diretrizes Curriculares Nacionais em Educação Básica, das Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Ambiental e das Políticas Nacionais de Educação Ambiental, Mudanças Climáticas, Resíduos Sólidos, Recursos Hídricos, Biodiversidade, Segurança Alimentar e Nutricional. Ambas baseiam-se, ainda, nos documentos internacionais: Carta da Terra, Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis de Responsabilidade Global.

Formação Presencial

A formação presencial sensibilizou para a importância dos projetos de Educação para a Sustentabilidade, envolvendo as diversas áreas do conhecimento, além de ter estimulado o protagonismo infantil e a interação com a comunidade, identidade e a realidade local, permitindo desenvolver novos hábitos saudáveis e sustentáveis com todos os comprometidos.

Foi utilizada a metodologia da “Flor da Cultura da Sustentabilidade”, que orienta a realização de um diagnóstico participativo que propicia a compreensão dos problemas locais e da escola, fomentando a mudança de pensamento e comportamento. O método também leva à criação de soluções viáveis e ecológicas a curto, médio e longo prazo.

 

Formação On-line

A participação nesta etapa da formação é fundamental para realização de bons projetos. Seus conteúdos estão ligados à alfabetização ecológica e a compreensão dos atuais desafios sociais, ambientais e econômicos que a humanidade enfrenta para a construção de sociedades sustentáveis. O papel da Educação neste processo de transformação também será abordado.

Para o curso on-line, haverá a utilização da plataforma Moodle no modelo auto instrucional. A carga horária da formação à distância terá 32h e irá acontecer entre os meses de maio a setembro de 2018, sendo obrigatória a participação no módulo básico de 12h e depois os participantes podem escolher no mínimo dois módulos temáticos, para receber o certificado de 32h. Cada módulo temático tem a duração de 10h.

O curso on-line está organizado em três partes: o básico, temático e gestão democrática

Os conteúdos da formação on-line estão voltados à alfabetização ecológica e à compreensão dos atuais desafios sociais, ambientais e econômicos que a humanidade deverá enfrentar nos próximos anos para a construção de uma sociedade sustentável. O curso está organizado em três partes: o básico, temático e gestão democrática, num total de 82 aulas, ministradas na plataforma Moodle modelo autoinstrucional.

As aulas são compostas de textos, 420 vídeos (animações, documentários e entrevistas), PDFs, ilustrações, fotos, sites, músicas e exercícios e têm duração, em média, de 1 hora. Além disso, na sessão Saiba Mais, são indicados diversos materiais complementares, como bibliografias, filmes, sites e músicas que se refiram aos temas de cada aula.

A primeira parte do módulo básico que traz a introdução do curso de Educação para a Sustentabilidade contém onze aulas, trazendo o desafio de uma aprendizagem com visão sistêmica do conhecimento. Para tanto, apresentamos a ferramenta de educação ambiental, a “Pegada ecológica”, que mede o impacto de cada um de nós no consumo dos recursos naturais do planeta Terra, associando esse aprendizado à animação A história das coisas, que aborda as relações da economia no mundo e seus impactos socioambientais, tendo como resultado as “Mudanças climáticas”. Na perspectiva de focar na criança e em nosso futuro comum, este módulo discute os efeitos do consumismo, por meio da aula “Publicidade infantil” e dos “17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”, que deve nos inspirar a sonhar, planejar e caminhar para um novo tempo, em que a ética e a dignidade humana sejam a base das relações! Para isso, temos um documento de referência internacional, a “Carta da Terra”, elaborada e traduzida por muitas nações, a qual traz 16 princípios, organizados em quatro temas: respeitar e cuidar da comunidade da vida; integridade ecológica; justiça social e econômica; democracia, não violência e paz. Neste módulo, também são apresentados dois programas do Instituto Alana que valorizam a relação da “Criança com a Natureza” e o brincar livre das crianças, por meio das experiências vivas do “Território do brincar”.  As duas últimas aulas, 10 e 11, são apresentadas a Metodologia e a Elaboração de Projetos, respectivamente. A aula de metodologia abrange explicações sobre como utilizar a Flor da Cultura de Sustentabilidade para desenvolver um diagnóstico participativo, criando mapas dos saberes (da comunidade e dos parceiros), por exemplo, um mapa verde da escola, e orientações de como elaborar projetos contando com o protagonismo das crianças e da comunidade local.

Temático

O módulo temático aborda seis conteúdos: Água, Espécies e ecossistemas, Segurança alimentar, Energia e tecnologia, Economia local e consumismo e Interação humana, com sugestões de atividades para os alunos a respeito de cada assunto.

Conheça as aulas de cada módulo temático:

Água

O módulo Água é composto de sete aulas e propõe um novo olhar sobre nossa relação com a água e seu papel de regeneração. A água não deve ser considerada um recurso, mas um bem básico e precioso para a existência da vida na Terra. Por essa razão, o módulo tem início com conteúdos relativos à formação de nosso planeta e à atual hipótese de onde surgiu a água.

Mas, afinal, quanta água há na Terra e no Brasil e como ela é utilizada? Será que existe água para tudo e para todos os seres vivos do planeta? Qual é a situação dos oceanos, que cobrem aproximadamente três quartos do globo e trazem tantos benefícios aos seres humanos? E a diferença entre pegada hídrica e água virtual, você sabe qual é? Sua escola conhece e atua em prol dos dez princípios da Declaração Universal dos Direitos da Água, estabelecidos desde 1992? As bacias hidrográficas funcionam a partir da visão sistêmica da água, por isso é explicada a gestão dos comitês de bacia hidrográfica no Brasil e se sugere a criação de um coletivo que cuide da gestão da água na escola. Mas você conhece as principais bacias hidrográficas do Brasil e como está a qualidade de suas águas? Existe algum rio, córrego ou nascente próximo à sua escola? Qual é a situação dele(a)? Como podemos nos mobilizar, abraçar e cuidar de nossas águas? Estas e outras perguntas retratam a abordagem de conteúdo desse módulo.

Espécies e Ecossistemas

O módulo Espécies e ecossistemas está organizado em sete aulas e traz em seu cerne a valorização e o respeito a todas as formas de vida do planeta, em especial dos ecossistemas brasileiros. Ele inicia pela formação da Terra e por suas dinâmicas com os corpos celestes na relação de garantia da vida interna do planeta, que é regido por meio de ligações de cooperação entre as espécies e os ecossistemas. Nesse contexto, como os acontecimentos do Universo revelam-se na fina camada de vida na superfície terrestre, a biosfera? Como os biomas brasileiros Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal e Zona Costeira produzem sua própria resiliência e contribuem para a existência dos polinizadores e, consequentemente, para a geração de tantos alimentos saudáveis? Sem falar no papel das florestas na condução da água por grandes extensões terrestres. Você conhece os animais ameaçados de extinção? E os animais do jardim de sua escola? Enfim, este módulo aborda essas questões e traz o desenvolvimento das atividades com as crianças criadas pelo professor Joseph Cornell, “Vivências com a Natureza”, cuja intenção é brincar e aprender com a Natureza. O aprendizado sequencial sugerido pelo autor é um guia prático de atividades ao ar livre e de contato com o mundo natural, que está organizado em quatro etapas: despertar o entusiasmo, concentrar a atenção, ter a experiência direta e compartilhar a inspiração.

Segurança Alimentar

O módulo Segurança alimentar é constituído de oito aulas e tem como foco os elos da cadeia de produção e consumo dos alimentos, enfatizando as políticas públicas de Segurança Alimentar e Nutricional. Serão contemplados também, temas como a regeneração dos solos para a produção de sementes de polinização aberta, que geram alimentos conectados às florestas, proporcionando saúde e nutrição para repartir os excedentes com a humanidade. O módulo inicia com a apresentação dos hábitos e cultura alimentar no mundo e no Brasil, destacando políticas de segurança alimentar e nutricional e seus desdobramentos. Também será mostrado como funcionam os sistemas de produção de alimentos convencionais, agroflorestais e orgânicos no país, bem como seus impactos, relacionando-os com a saúde e a nutrição humana. Com base nesse contexto, as aulas estimulam o desenvolvimento de diversas atividades com os alunos e a comunidade, visando transformar locais a céu aberto em espaços educadores, começando pela transformação da qualidade dos solos, que geralmente estão mortos e precisam ser regenerados para que se tornem vivos, por meio de técnicas de compostagens e cobertura vegetal. As aulas orientam para a produção e a seleção de sementes de polinização aberta, assim como estimulam a realização de feiras de trocas de mudas e sementes. Outras atividades indicam como montar as hortas e os sistemas agroflorestais, além de ensinar como construir terrários, relógios de Sol, rosa dos ventos e minhocário.

Energia e Tecnologia

O módulo Energia e tecnologia é composto de dez aulas e apresenta o uso ético dos recursos naturais em seus ciclos de vida, ou seja, em tudo o que é extraído, produzido, usado e descartado no planeta.

Mas de onde vem e para onde vai tudo (vidro, metal, papel e plástico) que as pessoas utilizam no cotidiano? Como deve ser o tratamento correto dos resíduos secos e dos resíduos úmidos? E os resíduos perigosos, quais são e de que modo os estamos tratando? Para isso, estimula-se o desenvolvimento do pensamento sistêmico em que nada se perde, tudo se transforma, agindo dentro da cultura dos 5Rs: Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar. O uso de energia faz parte de todos esses processos de produção e logística; e a transição do uso dos combustíveis fósseis não renováveis para os limpos e renováveis, com o apoio das tecnologias, é uma grande aliada da transição para o desenvolvimento sustentável, que é de fundamental importância na atualidade para a redução do aquecimento global e, consequentemente, das mudanças climáticas.

Neste módulo você é incentivada (o) a repensar a mobilidade nos grandes centros urbanos e propõem-se novas formas de construção utilizando princípios da permacultura e da bioconstrução. Para finalizar, são sugeridas atividades para os alunos, como construção de forno solar, de um cata-vento e até de um sistema de irrigação solar para a horta. Tudo isso para que sejam seja possível praticar a cultura da sustentabilidade dentro das escolas.

Economia Local e Consumismo

O módulo Economia local e consumismo é composto de seis aulas e traz questões referentes à sociedade de consumo, consumismo, o potencial solidário da economia local, consumo responsável e as possibilidades de se redesenhar relações de produção e consumo a partir de uma ética de justiça social, ambiental e econômica, que respeite a existência de todos os seres   vivos da Terra.

Mas o que é consumo responsável e economia solidária e como o ecodesign de produtos e embalagens pode influenciar o modelo de consumo vigente? Alternativa de modelo econômico com base em moeda local, a realização de feiras de trocas protege as comunidades, porém para isso há orientações para o desenvolvimento permanente de jogos cooperativos, pois é necessário exercitar esse valor cotidianamente para avançar rumo a uma economia que cuide das pessoas e da Terra e reparta seus excedentes. Sendo assim, o módulo apresenta a experiência Felicidade Interna Bruta (FIB), além de exercícios práticos para serem desenvolvidos no contexto escolar.

Interação Humana

O módulo Interação humana é composto de sete aulas, sendo seu principal propósito promover a cultura de paz, a comunicação não violenta, os direitos humanos e o Estatuto da Criança e do Adolescente, o empoderamento das pessoas, a troca de opiniões, a busca do consenso, a valorização da cultura local e brasileira, orientações para realização de rituais de confraternização, como planejar festas sustentáveis, e sugestões de como utilizar o calendário de educação para a sustentabilidade, sendo esses os princípios básicos nas relações humanas para a construção de uma sociedade sustentável. Assim, esse módulo é fundamental para a realização de bons projetos educacionais nas escolas, pois valorizam a interação humana em uma cultura de paz e respeito, considerando a diversidade humana e trazendo novas formas de enxergar e conduzir a solução dos problemas na busca de soluções que tragam equilíbrio, segurança e tranquilidade a quem faze parte da comunidade escolar.

Gestão Democrática

O módulo de Gestão Democrática é composto por cinco aulas para aprofundarmos na conversa sobre o tema da gestão, assim como no da democracia e da intersecção existente entre eles na escola. Este módulo foi pensado a partir da compreensão da educação como um processo natural da vida humana, uma educação centrada nas relações, entendendo que relações dialógicas tendem a ser mais horizontais e mais saudáveis, enquanto que relações mais verticais funcionam a partir da lógica da imposição, da ordem e da obediência, não do respeito, do diálogo e da compreensão. Nesse sentido, a autoridade precisa estar centrada na palavra e não na hierarquia, reconhecendo a importância da definição de papéis e de suas lideranças, que naturalmente se alternam, tendo sempre em vista o alinhamento coletivo para o bem comum. Partimos da compreensão de que a escola, como organização do equipamento público com maior inserção no território nacional, passa a ser compreendida como um possível polo de desenvolvimento local para transformação de suas comunidades, um lugar de cuidado das relações, ampliação de repertório e aprendizados diversos.